“Pobre Niagara!” — exclamou Eleanor Roosevelt quando chegou a Foz do Iguaçu, em 1944. A então primeira-dama dos Estados Unidos não esperava ver um cenário natural que superasse as cataratas existentes na fronteira do seu país com o Canadá. Mas não só viu, como admitiu. E nós acrescentamos: pobre Vitória (entre a Zâmbia e o Zimbábue), pobre Plitvice (na Croácia), pobre qualquer queda de água deste mundo ao lado do Iguaçu.
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Chegando a esse ponto extremo do Brasil, na fronteira com Paraguai e Argentina, é possível observar da janela do avião a imensa área selvagem de mais de 250 mil hectares, cortada em “S” pelas águas marrons do rio Iguaçu, que termina em espetaculares quedas d’águas. Em torno formam-se nuvenzinhas no ar, a água que torna o ar denso e úmido.
São nada menos que 275 cachoeiras unidas pela estonteante Garganta do Diabo, com seus 90 metros de altura. De um lado é Brasil, do outro é Argentina. É este o cartão de boas vindas a oeste do Paraná, alçada em 2007 ao rol das Sete Maravilhas do Mundo Natural, numa eleição via internet que contou com mais de 100 milhões de votos. E agora revela uma nova vocação: as atividades e esportes de aventuras.
O que fazer em Foz do Iguaçu?
Quem preferir pode apreciar as quedas d’água nas excursões de helicóptero oferecidas por ali (a partir de R$ 430). Ou visitar diretamente. Tanto no nosso lado como no de nuestros hermanos existem trilhas partilhadas com quatis ladrões de comida, que levam por entre a Mata Atlântica, dentro do Parque Nacional do Iguaçu. Algumas são ótimas para tirar fotos panorâmicas. Outras conduzem a passarelas na boca das quedas, onde as nuvens de gotículas criadas pelo impacto da água nas pedras ensopam os visitantes desavisados e destroem cabelos arrumados com chapinha. Vale negociar as capas impermeáveis à venda em barraquinhas, que saem por cerca de R$ 5.
Nos últimos anos, a emoção de ver tamanho fenômeno ganhou uma dose de adrenalina, com o aumento das atividades de aventura, que permitem chegar mais próximo ainda — até debaixo das águas. O Macuco Safari, por exemplo, leva grupos num barco a motor ao pé das quedas, dando a sensação próxima de uma ducha gelada. A experiência é tão intensa que a dica é trazer uma muda de roupa seca, que fica guardada em armários, em terra firme. E também óculos de natação — é sério! —, por ficar mais fácil ver o que acontece.
Se essa aventura não lhe basta, vale a pena conferir as atividades oferecidas por agências locais como a Campo de Desafios, que fica dentro do parque. Ela tem passeios que testam a capacidade física, como escalada artificial e arvorismo. Esta última consiste em fazer um percurso a oito metros de altura que passa de árvore em árvore, com 11 obstáculos, incluindo tirolesa e pontes suspensas. Tudo num cenário absolutamente natural.
Os amantes de adrenalina têm a opção de praticar rapel num canto totalmente selvagem, no meio da mata, com vista privilegiada das cataratas. Isto, claro, sob o comando de instrutores solícitos, que passam a sensação de segurança mesmo a quem está balançando a 55 metros de altura.
Lá em baixo espere o rafting. Cada vez é mais comum ver gente descendo as corredeiras em botes infláveis. São dois quilômetros de pulos e sobressaltos. Muito divertido, mas mesmo assim bem seguro: o nível de dificuldade é baixo — nível 2 na escala de 1 a 6 que é usada internacionalmente para classificar rios de rafting. Tanto que, quando as águas amansam, no final da viagem, todos são convidados a um mergulho gostoso no rio Iguaçu.
Animais à vista
Uma alternativa que também cresceu recentemente é o passeio pela trilha do Poço Preto — ótima pedida para quem deseja relaxar e curtir a natureza. São nove quilômetros de jipe ou de bicicleta até um lugar perfeito para observar a fauna e a flora locais. Ali, o visitante se depara com raridades como o palmito-doce, planta que está em extinção e pela qual os guias locais têm um carinho todo especial.
Com sorte, além das borboletas imensas e coloridas, podem surgir macacos-prego, pica-paus, tucanos, cotias, antas ou mesmo uma onça pintada ou veado. A melhor época do ano para avistar pássaros no mirante do caminho é a primavera, entre outubro e dezembro, quando ocorre a reprodução dos animais.Trilha Poço Preto
O caminho do Poço Preto desemboca no rio, onde jacarés se espreguiçam ao sol. E é bem pertinho deles que os mais corajosos podem passear de barco ou de caiaque.
Existem tours agradáveis também fora do Parque Nacional. É o caso da visita ao Parque das Aves, que exibe espécies tropicais raras em viveiros abertos ao público. Os ambientes são pequenos e os bichinhos agradeceriam se flashes das câmeras fossem proibidos. Lá se destaca o espaço das borboletas e dos beija-flores – uma espécie de paraíso para essas espécies. Sem falar nos tucanos e flamingos chilenos. Eles têm um espelho no fundo do viveiro para que se sintam em maior número e, assim, mais protegidos.
Bichos também são atração na Represa de Itaipu, a maior barragem hidroelétrica do mundo. Há visitas guiadas pela barragem, assim como um eco-museu e programas que incluem passeios de catamarã e observação de animais exóticos em viveiros. Sapatos de salto alto e abertos são proibidos em Itaipu.
Compras nos países vizinhos
A foz onde o Iguaçu deságua no rio Paraná une o Brasil com o Paraguai e a Argentina numa região denominada Marco das Três Fronteiras, onde cada país tem seu obelisco. Essa tríplice aliança é celebrada pelos brasileiros que deliram na hora de fazer compras baratas.
QueShopping Del Est cruza a Ponte da Amizade em direção ao lado paraguaio dá de cara com Ciudad del Este, um lugar com altos e baixos. As ruas estão um tanto mal cuidadas e por toda a parte aparecem “guias” em busca de comissão das lojas que recomendam, abordando com a expressão: “Fala amigo!”. Apesar do perrengue, muitos turistas vão lá à caça de produtos a preços baratos, sobretudo eletrônicos. Caso queira fazer isso, dirija-se aos estabelecimentos de melhor reputação, onde a procedência de mercadorias é mais confiável, como a Nave Shop e os shoppings Ciudad del Este e Monalisa.
Negocie sempre o preço e não se esqueça do limite de US$ 300 em compras ao passar na alfândega (o imposto é calculado em 50% sobre o excedente). Detalhe importante: a maioria das lojas fecha durante o almoço (entre 13h e 14h30) e muitas não aceitam cartão. Faça o câmbio antes de atravessar a fronteira, que é bem mais vantajoso.
Do lado argentino, por sinal, há compras também. Em Purto Iguazú é mais seguro e tranquilo visitar as lojas, ainda que existam menos opções. Há um complexo duty free que lembra um shopping, bem na fronteira. Os preços são em conta. Na loja Nike, por exemplo, alguns artigos batem os descontos paraguaios.
Dica esperta: programe a viagem
Tente programar a sua viagem durante os períodos de lua cheia. É que além do Duty Free e do animado cassino, há um outro motivo pelo qual várias pessoas atravessam a fronteira de noite até Puerto Iguazú, na ArgParque Nacional do Iguaçuentina. Quando há lua cheia, perto das cataratas surge um fenômeno maravilhoso: o arco-íris noturno, em que é possível ver a lua envolta em aros coloridos. Há saídas com número limitado de pessoas a partir de ARS$ 200 (R$ 88). Deve-se reservar com antecedência. Do lado brasileiro, só curte o evento quem desembolsa a partir de R$ 730 pela diária por casal no único hotel dentro do parque, o Hotel das Cataratas do grupo Orient-Express.
Como chegar ao Parque Nacional do Iguaçu
O Parque Nacional do Iguaçu fica na Avenida das Cataratas. Aqueles em tour privado ingressam no trecho da avenida reservado às entradas das trilhas e atividades nos transportes com guias.
Os demais, chegando ao centro de visitantes, devem pegar os ônibus azuis de dois andares que fazem o trajeto de 11 quilômetros. Limpos e modernos, os ônibus têm alto-falantes que dão indicações em português, inglês e espanhol, num percurso de cinco paradas.
O preço do ônibus é incluso no valor do ingresso (R$ 41,10 ou R$ 25,10 se apresentar documento de identidade com foto; crianças até 11 anos pagam R$ 7,50). É vantajoso fechar um pacote com várias atividades no centro de visitantes.
Na última parada, o complexo Porto Canoas tem lojas de souvenir, banheiros e restaurantes com vistas privilegiadas das quedas d’água.
Sigo o meu coração e minha intuição para conhecer novos lugares.
Sou o tipo de pessoa que gasta todo o dinheiro em viagens e amo cada minuto disso!